By Juliana Aranega
Vivemos em um tempo que muita gente fala e pouca gente escuta. Eu sou uma grande entusiasta das estruturas libertadoras, sempre que posso uso delas para pensar e fazer o conteúdo dos eventos. Uma das premissas é que todos tem o direito de falar e todos tem o dever de escutar.
O ‘boom’ de criadores de conteúdo trouxe junto uma série questões como a infoxicação (um excesso de informações que mais atrapalha do que ajuda), o FOMO (aquela frustração de que nunca estamos totalmente a par do que está acontecendo) e uma avalanche de conteúdos que acabam muito parecidos, pasteurizados e com baixo valor agregado.
A solução para essa realidade? Bons curadores de conteúdo! O mundo tá cheio de pessoas muito capazes de falar sobre os mais diversos assuntos e é missão do curador identificar os conteúdos certos e as pessoas certas para abordá-los.
A partir disso, como você tem feito para ouvir o que seus participantes de fato estão buscando de conteúdo? Separei aqui quatro dicas de curadoria para seu próximo evento.
- Não faça pressuposições
Um dos erros mais comuns, especialmente para eventos que acontecem há muitas edições, é o de acreditar que você já conhece bem seu público e já sabe o que ele quer. Acredite: você não sabe. Pense sobre você mesmo: você lembra qual era a sua principal dor ano passado? Há cinco anos? E hoje? Certamente você mudou, ainda mais em meio ao caos atual que vivemos. Nossas necessidades e nossos desejos mudam e mudam mais rápido do que nos damos conta. Então sempre, em qualquer oportunidade, fale com o seu público antes de começar o planejar o conteúdo. Tenha conversas informais, faça entrevistas, grupos focais, pesquisas, o que for possível, mas nunca pressuponha o que as outras pessoas querem. Depois cruze isso com aquelas informações que você precisa passar.
2 – Respeite a heterogeneidade
Quando você conversar com seu público você vai rapidamente perceber que pessoas da mesma idade, mesmo gênero, mesma classe social, mesma formação e até mesma empresa pensam muito diferente. Não só pensam, como vivem dores distintas e tem desejos diversos. Mas dá para organizar! Levantadas as informações, ‘clusterize’ e crie personas para que seu ‘line-up’ atenda aos diferentes anseios. É importante que o participante se enxergue dentro do conteúdo; que desperte nele o senso de pertencimento.
3 – Gere credibilidade
Depois da pandemia os eventos se tornaram muito mais curtos, a nossa rotina também foi transformada. Eventos mais curtos significam menos tempo para exposição de conteúdo. Menos conteúdo é sinônimo de menos tolerância ao erro. Quando você tem um evento com 100 speakers, se 3 ou 4 não relevantes para seu público, é provável que eles passem até despercebidos. Mas num evento com cinco speakers, se um for ruim, é provável que você perca audiência. Por isso, a prioridade nesse cenário é pensar conteúdos realmente úteis, que ajudem o público a encontrar soluções para suas dores atuais. Então, se no passado se investia muito em grandes nomes, grandes celebridades para compor o ‘line-up’, no cenário atual é preferível acertar em grandes temas que conversem diretamente com a sua plateia.
Pode ter certeza que o que vai gerar credibilidade para sua marca é demonstrar que você entendeu o que eles estão vivendo no presente e que encontrou a solução de conteúdo para isso.
4- Gere autoridade
Depois de muita energia empregada em descobrir tudo o que sua plateia pensa, sente e faz, é hora de mapear o que ela não pensa, não sabe e não conhece. É aquele momento ‘mind-blowing’: aquele conteúdo que está fora do radar de 80% do público e que vai deixar aquela sensação de “ainda bem que eu vim nesse evento, ou não conheceria isso”. Uma pequena parte do conteúdo do seu evento deve ser dedicada a sinais fracos, possibilidade que podem ou não vir a se concretizar, mas que apontam o futuro com boa dose de ineditismo e surpresa.